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     SÃO FRANCISCO DE PAULA: CARIDADE E MISSÃO
     02/09/2011
     José Francisco Marchiaro Britto (*)

NASCIMENTO
     Giácomo e Vienna de Fuscaldo formavam um humilde casal, que vivia no pequeno município de Paula, no litoral mediterrâneo da Calábria, sul da Itália. Após quinze anos de matrimônio, não tinham descendência. Devotos de São Francisco de Assis, a ele pediam esta graça. Sua paciência e sua fé ardente foram premiadas: aos 27 de março de 1416, nascia-lhes o filho desejado. No batismo, não tiveram dúvidas em dar-lhe o nome de Francisco, em agradecimento ao Santo de Assis.

DESPERTAR DA VOCAÇÃO
     Educado cristãmente no lar paterno, aos doze anos é conduzido para viver uma experiência pouco comum na época. Os pais levam Francisco ao Convento dos Frades Conventuais, de São Marcos Argentano, aldeia próxima de Cosenza, a fim de cumprir uma promessa que haviam feito a São Francisco de Assis, por tê-lo curado de um tumor maligno no olho esquerdo, logo no primeiro mês de vida. Começando sua ascensão à santidade, o pequeno Francisco ficou com os frades durante um ano, dedicando-se com extraordinário fervor no coração, jejuns, mortificações e abstinências, servindo e obedecendo a todos.

O EREMITA
     Ao voltar para casa, marcado pela fome e sede de Deus, Francisco pede aos pais para visitar os santos lugares daquele tempo: Roma, Assis, Loreto, Monte Luco e Montecassino. Após a viagem, confia aos pais seu desejo de se fazer eremita. É o mistério da ação divina, o primeiro passo de sua vocação. Abandonando tudo, vai para as montanhas, passando a morar numa pequena gruta, entregue à oração, à penitência e ao trabalho no campo, do qual tira seu sustento, durante cinco anos.

     Alguns jovens conhecedores de seu estilo de vida pedem-lhe para acompanhá-lo e ficar com ele. Francisco resolve dar-lhes uma regra e um modo de viver em pobreza, castidade e obediência, com a observância, durante toda a vida, de um regime quaresmal. Nasce assim o primeiro núcleo de Eremitas Penitentes. Para eles, Francisco fez construir as primeiras celas e uma capela. Com aprovação e bênção do bispo de Cosenza, ampliaram as obras, formando o primeiro convento. Aos dezenove anos, Francisco iniciou a fundação da instituição religiosa que, mais tarde, se desenvolverá na Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula.    

"POR CARIDADE"
      Deus enriquece Francisco com o dom dos milagres. Segundo a tradição, o Arcanjo São Miguel, num momento de êxtase, entrega-lhe o emblema Charitas (Caridade), que será o distintivo da sua Ordem. Em nome desse amor de Deus, passa a operar inúmeros milagres: "por caridade" (sua expressão), domina a natureza, liberta os doentes dos seus males, converte os pecadores e reconcilia os inimigos. Mas foi aos pobres que exerceu seu dom com maior generosidade. Devolveu o uso da razão aos dementes, a vista aos cegos, o ouvido aos surdos, a fala aos mudos, o caminhar aos paralíticos, a pureza aos leprosos, a liberação de possessos e até a vida aos mortos.

COMBATE À INJUSTIÇA
      Característica desta predileção pelos pobres foi a coragem com que Francisco denunciou ao próprio rei, Fernando de Aragão, de Nápoles, a sua injusta administração e exploração do povo. Certa ocasião, este rei ofereceu a Francisco algumas moedas de ouro como ajuda para a construção de seus conventos. Mas Francisco, pegando uma delas nas mãos, parte-a na frente do rei e, fazendo sair sangue, diz: "Majestade, este é o sangue dos seus súditos, que clama vingança diante de Deus".
      Vivendo profundamente o amor, Francisco entendia que este mundo não é sala de espera ao Reino de Deus, a realizar-se plenamente no futuro, mas o lugar onde se luta por este Reino, vivendo e anunciando a Boa-Notícia e denunciando tudo que se opõe a ela.

INTRÉPIDO MISSIONÁRIO
      Entre tantos episódios que revelaram a intrépida alma missionária de Francisco, um é especialmente significativo: ele pede, por caridade, a Pedro Caloso, proprietário de um barco, que o leve a Messina. Pedro Caloso diz que é preciso pagar. Francisco insiste: "Leve-me, por caridade!" Coloso ficou irremovível: "Pague-me e virá comigo". O Santo, diante disso, afastou-se um pouco, ajoelhou-se, elevou os olhos ao céu, fez o sinal da cruz sobre o mar, estendeu o seu manto e subiu sobre ele como se estivesse em terra firme, chegando ao outro lado da margem. O milagre aconteceu em plena luz do sol, no dia 4 de abril de 1464.

AS ORDENS RELIGIOSAS
      As regras da Primeira Ordem dos Mínimos elaboradas por Francisco de Paula e destinadas aos freis consistem em fazer penitência, atuar na humildade e na caridade, atento às necessidades do outro e pronto a dar a vida por ele, colocando as preocupações do outro antes de si mesmo; conversão da mente, do coração e da vida a Deus; regime quaresmal de perpétua abstinência de carne, dentro e fora do convento; voto de obediência, castidade e pobreza. A Segunda Ordem, Francisco dedicou às mulheres desejosas de perfeição religiosa. O primeiro mosteiro feminino surgiu em Andújar, na Espanha, alguns anos antes da morte do Santo. Separadas do mundo, as Religiosas Mínimas de clausura unem, ainda hoje, a contemplação, a penitência com um teor de vida austero e edificante.
      Todo cristão, em virtude de seu batismo, é chamado à santidade. Assim sendo, nosso Padroeiro preocupou-se também com a santificação de homens e mulheres que vivendo no mundo desejam seguir a Cristo mais de perto, por meio da penitência, humildade e caridade: é a Terceira Ordem dos Mínimos. Para ela são formuladas algumas normas de comportamento, sem vínculo de votos, inculcando o amor e o espírito dos preceitos evangélicos, de acordo com o próprio estado.

OS ÚLTIMOS DIAS
     Na metade da quaresma de 1507, o Santo de Paula teve uma febre lenta e contínua. Francisco havia predito três meses antes, seu encontro com o Senhor.
     A seus religiosos desolados deu as últimas recomendações, insistindo sobre o voto de abstinência quaresmal, abraçou-os, abençoou-os e participou com eles da missa de Quinta-feira Santa.
     Na tarde de Sexta-feira Santa, enquanto ouvia o Evangelho de João, repetia: "Nas tuas mãos, Senhor, entrego a minha alma!" Depois, em voz alta, rezou: "Senhor Jesus Cristo, bom pastor de nossas almas, conservai os justos, santificai os pecadores, tende misericórdia dos fiéis defuntos e sede propício a mim, miserável pecador!" O seu rosto irradiou uma beleza celestial. Invocando os nomes de Jesus e Maria, Francisco entrou na glória do Pai, aos 91 anos de idade, no dia 2 de abril de 1507.
     Foi um afluir ininterrupto de gente de todas as condições à Igreja de Montils, onde estava sendo velado o eremita santo. Ao contato daquele corpo glorioso, floresceram ainda os milagres.

SANTO DA IGREJA
     Logo após a morte de Francisco, uma voz uníssona de devotos do povo, de eclesiásticos, religiosos e príncipes da França e da Calábria, foi dirigida ao papa Júlio II para que se iniciasse o processo de canonização do humilde frade calabrês. Satisfeitas todas as exigências canônicas, Leão X declarou-o Beato a 7 de julho de 1513, fixando-lhe a festa litúrgica a 2 de abril, dia de sua piedosa passagem para a eternidade. Alguns anos mais tarde, a 1 de maio de 1519, o mesmo papa declarava-o Santo da Igreja.

EM NOSSO PAÍS
     
No Brasil, além dos seminários da Primeira Ordem dos Minimos (Sào Paulo e Guarapuava-PR), há dezenas de igrejas em homenagem a São Francisco de Paula, entre elas a Catedral Metropolitana de Pelotas-RS.

     A celebração do Padroeiro da Arquidiocese de Pelotas, ocorre sempre no primeiro domingo de julho, dentro da semana do aniversário da cidade.

     Este texto é apenas uma breve exposição da vida de São Francisco de Paula, diante de sua profunda vivência de fé, bem como de extensa e destemida ação missionária.

(*) Membro da Equipe de Comunicação da Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula - Pelotas/RS.

 

          Belo trabalho histórico. Necessário se faz divulgar nas escolas de base.
Alfredo Francisco Berneira – Aposentado
Santo André / SP

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