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     O MERCADO PÚBLICO E A FIGURA DE MERCÚRIO
     01/03/2012
     Zênia de León


Mercado público - 1848


Mercado público - 2012

    Construído entre 1848 e 1853 em estilo eclético com predominância ao colonial- com torre de alvenaria, é um dos patrimônios culturais de Pelotas. Roberto Offer o idealizou e o construiu com formação de fortaleza, sem as quatro torres mas com portões nas esquinas, em estilo colonial português com uma torre central de alvenaria, vazada, ao centro do pátio, como um campanário. Vieira Pimenta foi o mentor da obra e Teodolino Fariña, proprietário de uma olaria, encarregado da mão-de-obra escrava.
    Foi na intendência de Cipriano Barcellos, no período de 1911-1914, que o mercado sofreu reformulação profunda em plantas e fachadas, ao eclético –art noveau, ar décot, com predominância do neoclásico. Nesta fase o prédio recebeu, além de mudanças de acesso, a torre do relógio e o farol de ferro, importados de Hamburgo (Alemanha) . A torre imita ou sugere a famosa Torre Eiffel. Do farol, que fazia base à estátua do deus Mercúrio, se emitia a luz de uma poderosa luminária rotativa.

1969 – Mercúrio no alto da torre 2012

     No ano de 1969, um temporal forte acompanhado de um tufão, fez ruir a figura de mercúrio que desabou destroçada por frágil, feita com estrutura oca em latão. Houve uma pessoa cuidadosa para com o patrimônio histórico que empreendeu a ação do recolhimento das peças da obra de arte e as levou para sua casa na intenção de restaurá-la. Foi o cidadão Jonas Plínio do Nascimento Junior, filho da historiadora Heloisa Nascimento, o guardião da obra, testemunhando incontestavelmente sua existência. Interessados na restauração da figura e sua recolocação, solicitaram-lhe a peça de grande valor histórico. Essas pessoas despenderam a soma de oito mil reais para a restauração da figura. O trabalho não ficou a contento pela circunstância de ter sido usada massa de chapeamento de carro no preenchimento das partes ocas da estátua. O processo transformou-a numa figura por demais pesada para ser colocada no alto da torre, deixando-a também sem a função de catavento. Após este episódio, a figura de Mercúrio foi levada para a marqueteria da Universidade Católica em 2004, que movimentou-se para sua restauração que também não chegou ao seu intento.

      A figura de Mercúrio voltou para o empenho da Prefeitura.
      A partir daí chegou à infrutífera condição de obra irrecuperável. Hoje se encontra guardada ou escondida no prédio da Secretaria de Cultura apenas como testemunha viva do que foi.
      Perguntamos: será que a partir de sua forma não se poderia conceber uma cópia do mesmo material que a original? Não seria o momento, agora que se está preparando a cidade para a comemoração de seus duzentos anos, um presente para a cidade? Assim o mercado público de Pelotas mostraria toda a pujança com a qual foi concebido.

      Na foto a estátua original de Mercúrio que por tanto tempo esteve no topo da torre do mercado público de Pelotas, ela mesma, só que recheada de massa pesada, está na Secretaria Municipal de Cultura para quem quiser conferir. Na realidade, a estátua é uma cópia fiel da obra do escultor florentino, Giovanni Bologna (1529-1608), estátua que se encontra no Museo Nazionalle Del Bergello, Itália, e representa Mercúrio, o deus do comércio, também chamado de Hermes e carrega na mão o caduceu, o símbolo do poder.

Fontes de pesquisa e maiores detalhes: Pelotas, casarões contam sua história – Vol. 5 – página 295, e Guardiões da memória – página 127, ambos da autora.

Fonte: ZÊNIA DE LEÓN - Escritora/pesquisadora.

 

          A estátua se encontra hoje (2017) no Centro de Atendimento ao Turista que há dentro do Mercado Central.
Lívia Costa - Estudante
São Gabriel / RS

          Lendo o livro "Guardiões da Memória", da autora Zênia de León, soube dessa peça e compartilho do descontentamento em saber que uma peça de imensa valia encontra-se de fato escondida dos habitantes da cidade. Concordo que poderia ser facilmente replicada, apesar de que o ideal mesmo seria que jamais tivesse ocorrido o erro ao tentar restaurá-la. Bem, é uma pena.
Lucas de Moura Kurz – Estudante
Pelotas / RS

          Pelo que se entende a estátua tem que ser leve mas resistente.Uma cópia poderia ser feita em fibra de vidro, montada sobre uma estrutura de ferro, para girar e resistir aos ventos. Pintada em dourado, seria um verdadeiro ícone da cidade, como p.ex. a "Giralda" de Sevilha. Aqui em Gramado há artistas trabalhando com este material e que certamente poderiam fazer uma estátua primorosa. Além disto, porque não reativar o farol?
Osmar Goeden Reis – Engenheiro Agrônomo
Gramado / RS

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